As inspirações artísticas de Lies of P
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Informações Básicas
[[link]]Processo criativo e visão artística[[link]]
Preparem-se para mergulhar em um mundo onde os contos de fadas ganham um toque macabro e mecânico! Lies of P nos oferece uma versão distorcida e fascinante de uma fábula clássica. Desenvolvido pelo estúdio sul-coreano Neowiz Games em parceria com a Round 8 Studio, Lies of P entrega ação, personagens misteriosos e uma dificuldade justa para o molde do jogo.
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Se você é fã de soulslike, vai se apaixonar pela jogabilidade desafiadora e pelo visual gótico incrível de Lies of P. Mas o que realmente chama atenção é a criatividade por trás da narrativa: quem diria que a história do boneco de madeira poderia virar um pesadelo steampunk cheio de reviravoltas? A Neowiz, conhecida por títulos como Bless Unleashed, mostrou que veio para inovar.
A escolha por Pinóquio como inspiração narrativa parece ter vindo do desejo dos desenvolvedores em subverter um conto infantil mundialmente conhecido. Aqui, temos a reimaginação da história original de Carlo Collodi, já que a narrativa original escrita pelo autor já é sombria por si só. O estúdio queria algo com potencial emocional e filosófico, mas que também fosse reconhecível por todos, e usaram isso como base para criar o universo de Lies of P.
A equipe pesquisou obras de arte e arquitetura, consultou filmes de época e buscou inspiração em museus, fotografias históricas e pinturas do século XIX. O objetivo era usar o "luxo e o requinte" da era para contrastar com a decadência da revolução dos títeres.
Ao mesmo tempo, Lies of P encontra sua própria reinvenção no gênero soulslike. Em vez de seguir fórmulas, criaram o sistema que permite o jogador montar armas personalizadas. Essa mecânica reforça o conceito de transformação constante e adaptação, tanto da jogabilidade quanto da narrativa.
Por fim, os desenvolvedores fizeram questão de diferenciar Lies of P de rótulos que são, querendo ou não, colocados em qualquer jogo. Os desenvolvedores afirmam e reafirmam sua proposta em todos os aspectos do jogo para destacar um dos principais pilares do jogo: uma fábula sombria em um cenário que já foi belo um dia, onde a mentira pode ser a única coisa que irradia humanidade.
[[link]]Influências visuais e estéticas[[link]]
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Lies of P mergulha o jogador em Krat, uma cidade fictícia envolta em decadência e mistério e sua ambientação é uma mescla singular entre a opulência da Belle Époque francesa e o sombrio do gótico industrial. Inspirada no final do século XIX e início do XX, essa estética de Krat é marcada por fachadas imponentes, cúpulas ornamentadas, colunas barrocas e iluminação a gás.
O visual urbano é muito bem detalhado e durante a jogatina você vai mergulhar em cada um dos cantos dos mapas e se impressionar com a qualidade e a quantidade de detalhes implementados no jogo: salões luxuosos, museus, hotéis e avenidas em ruínas evocam uma era de esplendor, agora corrompida.
A elegância visual da Belle Époque, porém, não está sozinha. Há uma forte presença gótica em igrejas, ruas estreitas, tapeçarias desbotadas e sombras que tomam conta de cada beco. A iluminação oscilante e o design detalhado compõem uma beleza macabra. Essa fusão estética lembra diretamente Bloodborne, principalmente pelos telhados angulosos e uma arquitetura opressiva.
O design dos personagens acompanha essa dualidade. O protagonista, P, é um títere com visual humano, vestindo um colete e gravata borboleta, enquanto empunha próteses mecânicas que variam entre lança-chamas e lâminas retráteis. Os inimigos transitam entre o "estranho" e o grotesco: títeres de olhos vazios, soldados metálicos deformados e até robôs em formas humanas distorcidas. O steampunk está presente aqui, mas sutilmente.
A paleta de cores reforça esse tom: marrons envelhecidos, dourados foscos, vermelhos escuros e brilhos metálicos contrastam com luzes artificiais, criando um ambiente tão fascinante quanto inquietante. A arquitetura do jogo e seus mapas fazem com que o jogador se interesse em explorar cada canto do jogo, sua composição é interconectada e a sensação de progressão é acompanhada pela exploração.
[[link]]Inspirações narrativas e filosóficas[[link]]
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Narrativamente, Lies of P é uma reinvenção sombria do clássico Pinóquio. Os elementos mais importantes da obra original estão presentes – como Geppetto, a raposa… mas todos reimaginados sob uma ótica mais adulta, melancólica e muitas vezes cruel. As fábulas ganham contornos sombrios, diálogos mais complexos e decisões morais que desencadeiam diferentes eventos no jogo, levando aos múltiplos finais.
Essas escolhas giram em torno de um sistema único: mentir ou dizer a verdade. Cada decisão impacta não só os diálogos, mas o destino de P e o desenrolar da trama. Filosoficamente, o jogo aborda o tema da identidade com profundidade: P é só uma máquina ou está se tornando humano ao escolher, mentir e sentir?
O conceito de "Ergo" – nome da energia vital do jogo – é uma alusão direta ao aforismo de René Descartes: “Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo). A própria possibilidade de mentir é apresentada como um traço essencialmente humano. Mentir no jogo não é só enganar: é explorar o cerne da humanidade dentro de P. Se Pinóquio acredita que é humano… então ele é, ou se torna humano por seus atos.
Essas discussões aproximam Lies of P de correntes existencialistas e niilistas. Acidade de Krat, devastada por uma revolução de títeres e uma praga que acomete os moradores de uma maneira bem dolorosa. Isso se torna palco de um mundo sem sentido, onde o progresso levou à ruína. A reflexão sobre moralidade, livre-arbítrio e desumanização permeia toda a experiência, e até leis robóticas ao estilo de Isaac Asimov são sugeridas como pano de fundo para o funcionamento dos títeres.
[[link]]Influências de outros jogos e mídias[[link]]
Ao mergulhar em Lies of P, é impossível não notar as inspirações visuais e mecânicas vindas de títulos consagrados do gênero soulslike. Bloodborne, da FromSoftware, é a referência mais evidente — desde a ambientação vitoriana corrompida até o ritmo de combate agressivo e a estética gótica opressiva. O sistema de armas, as animações e até a postura dos inimigos remetem diretamente ao pesadelo lovecraftiano criado por Miyazaki.
No entanto, Lies of P também se alimenta de outras fontes. Elementos de Sekiro: Shadows Die Twice, como o foco em precisão nos parries e a sensação de domínio técnico do combate, se fazem presentes em diversos chefes e mecânicas de defesa. Além disso, o sistema de progressão e personalização traz lembranças da série Dark Souls, especialmente no uso de pontos de atributo e frascos de cura limitados.
Outro ponto interessante é a influência de NieR: Automata, visível na forma como o jogo discute temas como livre-arbítrio, consciência artificial e o que significa “ser humano”. A própria jornada de Pinóquio ecoa dilemas filosóficos que vão além da estética e do combate do jogo, dando um tom um pouco mais reflexivo para os acontecimentos expostos na narrativa.
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Mesmo com todas essas referências, o jogo não se limita a somente copiar fórmulas. Ele as entende, as reinterpreta e as usa da sua forma para construir uma identidade própria, misturando nostalgia e inovação na medida certa. Lies of P é mais do que um soulslike estiloso. É uma obra que une arte, filosofia e jogabilidade de forma harmônica, propondo uma experiência imersiva e provocativa.
Com uma ambientação deslumbrante, um protagonista em conflito existencial e uma narrativa cheia de nuances, o jogo prova que ainda há espaço para ousadia e profundidade no gênero.
[[link]]Recepção do público e indicações de prêmios[[link]]
O reconhecimento não tardou: Lies of P conquistou os prêmios de Melhor Jogo de Ação e Aventura, Mais Procurado para PlayStation e Melhor Jogo de RPG no Gamescom Awards 2022. Em 2023, foi indicado a Melhor Direção de Arte e Melhor RPG no The Game Awards, além de concorrer a Melhor Design Visual no Golden Joystick Awards. Já em 2024, recebeu indicação ao Steam Awards na categoria "Outstanding Story-Rich Game", além de uma menção honrosa em Melhor Arte Visual no 24º Game Developers Choice Awards.
Esses reconhecimentos reforçam o impacto e o cuidado com que o jogo foi concebido, consolidando Lies of P como uma experiência imperdível para os fãs do gênero. Mas não para por aí: a jornada de P provou que, mesmo em um mundo repleto de soulslikes, ele conseguiu se destacar com sua narrativa, seu combate muito bem ritmizado e uma atmosfera e ambientação deixarão suas marcas em sua memória.
Nota do Crítico
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Versão Revisada:
Prós
Contras
Requisitos de Sistema


